Páginas

27 de mar. de 2011

A Metodologia



Segue uma seqüência lógica de ação, não como modelo para uma aula, mas como um projeto de ação pedagógica:


DESPERTANDO O INTERESSE - SENSIBILIZANDO

Procure partir do interesse imediato da criança e do jovem ou desperte esse interesse. A criança é curiosa e esta aberta às novidades.
Jesus, Mestre por excelência, atendia às necessidades imediatas das pessoas que o procuravam (a cura de um mal físico ou espiritual), depois atendia às necessidades reais do espírito através das lições imorredouras do seu evangelho.


Todos os grandes educadores e pensadores como Pestalozzi, Froebel, Decroly, Freinet, Dewey, apontam o interesse como a base do processo de educação. Claparède nos demonstra que a necessidade interior é que gera o interesse. O interesse do indivíduo esta intimamente relacionado com uma necessidade interior, mesmo que seja simplesmente uma curiosidade em conhecer.


Piaget demonstra que quando o indivíduo experimenta uma necessidade, e portanto, um desequilíbrio íntimo, ele age para restabelecer o equilíbrio, ou seja readaptar-se. A necessidade gera o interesse.
Esse interesse varia de acordo com o grupo. Procure conhecer suas crianças e jovens e trabalhe dentro da realidade que lhes é própria.

Com as crianças pequenas, além da necessidade natural de desenvolver as habilidades interiores, existe a curiosidade natural pelas coisas da natureza. Pode-se usar um acontecimento da semana, um fato ocorrido, um passeio planejado, uma visita, um filme, etc...

Com os maiores aproveite também a necessida interior de conhecer. O impulso para avançar, conhecer, descobrir existe em todos. O próprio conteúdo da Doutrina é extremamente interessante para a mente do jovem sempre em busca de novos caminhos. Pode-se também aproveitar notícias de jornais, assuntos polêmicos, filmes em cartaz, etc.


QUESTIONANDO E DESAFIANDO:

Ao despertar o interesse, lance questionamentos e desafios ao seu intelecto ou dilemas morais a serem resolvidos.
Pode ser perguntas sobre o assunto de forma tal que leve a criança ou o jovem a buscar a solução ao problema apresentado.
Pode ser apresentado em forma de histórias ou cenas da realidade de vida das próprias crianças ou jovens, que tenham ligação com o conteúdo em estudo e que apresente um dilema moral a ser resolvido. Estaremos colocando problemas do cotidiano, da realidade de vida, para depois demonstrar (levar a criança a concluir) que a Doutrina Espírita tem as respostas, pode e deve fazer parte de nossa vida, no dia a dia.

O DEBATE E O DIÁLOGO:
Permita as colocações das crianças e jovens, o debate e o diálogo onde todos podem expressar suas opiniões e iniciar a construção coletiva e, ao mesmo tempo, individual, não só do conhecimento em estudo, mas a construção do ser, em seu aspecto intelectual,afetivo e volitivo.

Sócrates, na Grécia antiga, utilizava o diálogo como forma de levar o interlocutor a chegar à própria conclusão. Estimulava o raciocínio, abrindo caminhos na mente do interlocutor para que ele descobrisse a resposta.


 CONSTRUINDO O PRÓPRIO CONHECIMENTO:

Assim, lançado o desafio ou o problema e abrindo-se ao diálogo, levamos a criança ou o jovem a buscar a solução na Doutrina Espírita, tendo em mente que ela somente poderá avançar à partir das estruturas mentais que já possui dentro de si mesma. 
Avançar demais não adianta, assim como desafios além das possibilidades da criança tem efeito negativo - tudo deve ser gradual e progressivo.

Piaget nos demonstra, em perfeita sintonia com a Doutrina Espírita, que a construção do conhecimento ocorre através de um processo onde o individuo utiliza suas estruturas anteriores (conhecimentos que já possui) para assimilar os novos conhecimentos até umaacomodação ou mudança interior, para ocorrer a construção de novas estruturas.
É necessário um período de atividades de interação com o meio físico, social e espiritual para que o indivíduo possa assimilar o novo conteúdo.

- BUSCANDO SOLUÇÕES: Inicie a construção do conhecimento com base na Doutrina Espírita, partindo da realidade da criança. Procure não oferecer tudo pronto, mas que esse momento seja de descoberta, onde inteligência, sentimento e vontade interagem de maneira dinâmica, para a construção do ser em seu aspecto integral.
Os evangelizadores devem estudar o conteudo e transformá-lo em atividades assimiláveis pelas crianças e não oferecendo o conteudo pronto. O conteúdo da Doutrina Espírita deve ser analizado em seus três aspectos inseparáveis: científico, filosófico e religioso.

- VIVÊNCIAS: as atividades deverão ser vivenciadas e não apresentadas como "aulas teóricas". A criança não aprende ouvindo aulas teóricas, mas vivenciando atividades dinâmicas. A construção do ser depende da vivência integral: segundo Pestalozzi, ela vivencia pelos sentidos, pelo intelecto e pelo sentimento.

- ATIVIDADES ARTÍSTICASAs atividades artísticas estimulam o poder criador do Espírita e traça canais para sua expressão. Mas a arte não é apenas forma de expressão, mas atividade criadora, ampliando a capacidade vibratória do ser, sensibilizando e direcionando a vontade para os canais superiores da vida. O teatro, a música, a dança, as artes plásticas em sua diversidade e aliteratura em toda sua amplitude, propiciam atividades criadoras onde a cooperação é uma constante. A arte abre canais que o intelecto, por si só, desconhece, pois age no campo emocional e vibratório do ser. É agente de transformação e construção do ser, tanto no aspecto cognitivo, quanto no aspecto afetivo e volitivo.


O AMBIENTE EVANGELIZADOR

Aqui entra em ação a integração de toda a casa espírita, dos elementos do grupo entre si, com elementos dos demais grupos. São momentos de profunda interação entre os indivíduos de mesma idade e de idades diferentes e oportunidade de interagir com os demais membros da casa espírita, que é uma grandiosa escola de almas.

"Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem", afirmou Jesus. Esse será o grande desafio a ser vivido por todos.

As salas poderão ser decoradas dentro do conteúdo principal.
Toda a Casa Espírita passa a refletir o conteúdo em estudo. Grupos de pais, grupos de estudos, setores assistenciais, enfim, todos em sintonia com os princípios doutrinários em estudo naquele período - e com o sentimento de amor e tolerância a ser exercitado.

Apresentações de natureza doutrinária, como exposições espíritas e apresentações artísticas sobre o conteúdo principal poderão ser realizadas, neste período: Apresentações de corais e grupos musicais, peças de teatro, danças, exposição de pintura, murais, recortes, etc.
Isso formará um ambiente vibratório propício ao desabrochar das qualidades interiores do ser, onde intelecto, sentimento e vontadese harmonizam.

Aqui entra a capacidade do educador de manter o interesse e o entusiasmo do grupo aceso, durante todo o processo de assimilação.
Ninguém assimila conteudos tão complexos em apenas uma aula teórica, nem se transforma interiormente tão rapidamente, mas num processo educativo bem elaborado e integrado com nossa vida prática.

Aqui entra também a "luz" interior do evangelizador consciente de sua tarefa e de sua responsabilidade.
O Evangelizador é um polo de energia emuladora, a irradiar de si mesmo e, ao mesmo tempo, atraindo e estimulando o educando.

O conteúdo em estudo poderá chegar a uma síntese através de uma exposição de tudo o que as crianças realizaram durante este período, onde poderão participar crianças, jovens e adultos, bem como grupos artísticos com apresentações, dentro do tema central.

Todo esse conteúdo será retomado em outro ciclo em níveis mais elevados, onde a construção do ser continua em sentido majorante.

De forma gradual e progressiva a criança vai assimilar o conteúdo, construindo as estruturas mentais correspondentes dentro de sua capacidade de assimilação, tanto no aspecto intelectual, como no aspecto afetivo e volitivo.

Gradualmente, mas num crescendo contínuo, a criança e o jovem passam a pensar, sentir viver dentro dos princípios que a Doutrina Espírita nos apresenta, por serem princípios de carater universal.

0 comentários:

Postar um comentário